História do Cangaço
Consta que o primeiro homem a agir como cangaceiro teria sido o
Cabeleira, como era chamado José Gomes. Nascido em 1751, em
Glória do Goitá, cidade da zona da mata pernambucana, ele aterrorizou sua região, incluindo
Recife. Mas foi somente no final do século XIX que o cangaço ganhou força e prestígio, principalmente com
Antônio Silvino, Lampião e
Corisco
MAPA DO CANGAÇO
Cangaço na Cultura popular
Literatura de cordel
O cangaço é um dos principais temas mais explorados na
literatura de cordel, onde o cançaceiro é retratado como
herói.Literatura de Cordel é, como qualquer outra forma artística, uma manifestação cultural. Por meio da escrita são transmitidas as cantigas, os poemas e as histórias do povo — pelo próprio povo.
O nome de Cordel teve origem em Portugal, onde os livretos, antigamente, eram expostos em barbantes, como roupas no varal.
Livros
-
- O Cabeleira, de Franklin Távora
- Jurisdição dos Capitães – A História de Januário Garcia Leal e Seu Bando - Editora Del Rey, Belo Horizonte, 2001, Marcos Paulo de Souza Miranda.
- Lampião e Maria bonita de Liliana Iacocca, Editora Ática
Filmes
Os primeiros filmes sobre o cangaço datam de meados da década de
1987 e início da
1930
Entre as décadas de
1950 e
1960, os filmes brasileiros sobre cangaço são bastante influênciados pelos
filmes de faroeste dos
Estados Unidos, um deles foi
O Cangaceiro (
1953).
Histórias em quadrinhos
Na
década de 1950, inspirado no colegio sucesso de O Cangaceiro, o quadrinista
Gedeone Malagola lança uma
revista em quadrinhos sobre o fictício Milton Ribeiro, O Cangaceiro,
Milton Ribeiro é o nome do ator que interpretou o cangaceiro Galdino no filme de 1953, a diferença de Milton Ribeiro para Galdino, é que nos quadrinhos Milton é o herói.
Outros autores retrataram o Cangaço como Danilo Beyruth (Bando de Dois),
Flávio Luiz( O Cabra),
Wilson Vieira (Cangaceiros - Homens de Couro), Klévison (Lampião --era o cavalo do tempo atrás da besta da vida: uma história em quadrinhos) entre outros.
Em
1974, o brasileiro Jô Oliveira publicou a história "A Guerra do Reino Divino" na revista italiana Alterlinus, dois anos depois a editora brasileira Codecri (mesma editora responsável por
O Pasquim) publicou a obra no país.
A arte do Jô é bastante influênciada pelos cordeis e a série de tv do ronaçdo é considerada a primeira
graphic novel brasileira.
Apesar de ser um tema brasileiro, o tema também é explorado por autores de outros países como o
belga Hermann que escreveu e desenhou a revista Caatinga (publicada no Brasil pela
Editora Globo).
Virgulino Ferreira da Silva-Lampião
Uma das versões a respeito de sua
alcunha é que ele modificou um
fuzil, possibilitando-o a atirar mais rápido, sendo que sua luz lhe dava a aparência de um lampião.
O seu nascimento, porém, só foi registrado no dia
7 de agosto de
1900. Até os 21 anos de idade ele trabalhava como artesão, era alfabetizado e usava óculos para leitura, características bastante incomuns para a região agreste e pobre onde ele morava.
Sua família travava uma disputa mortal com outras famílias locais até que seu pai foi morto em confronto com a polícia em
1919. Virgulino jurou vingança e, ao fazê-lo, provou ser um homem extremamente violento. Ele se tornou um criminoso e foi incessantemente perseguido pela polícia, a quem ele chamava de
macacos.
Durante os 19 anos seguintes, ele viajou com seu bando de cangaceiros, nunca mais de 50 homens, todos com cavalos e fortemente armados usando roupas de couro como chapéus, sandálias, casacos, cintos de munição e calças para protegê-los dos arbustos com espinhos típicos da
caatinga. Suas armas eram, em sua maioria, roubadas da polícia e unidades paramilitares como a espingarda Mauser militar e uma grande variedade de armas pequenas como rifles Winchester, revolveres e pistolas Mauser semi-automáticas.
Lampião foi acusado de atacar pequenas fazendas e cidades em sete estados além de roubo de gado, sequestros, assassinatos, torturas, mutilações, estupros e saques.
Sua namorada,
Maria Gomes de Oliveira, conhecida como
Maria Bonita, juntou-se ao bando em
1930 e, assim como as demais mulheres do grupo, vestiam-se como cangaceiros e participou de muitas das ações do bando. Virgulino e Maria Bonita tiveram uma filha,
Expedita Ferreira, nascida em
13 de setembro de
1932. Há ainda a informação controversa de que eles tiveram mais dois filhos: os gêmeos Ananias e Arlindo Gomes de Oliveira
, além de outros dois natimortos.
A morte de Lampião e seu bando
No dia 27 de julho de
1938, o bando acampou na fazenda Angicos, situada no sertão de
Sergipe, esconderijo tido por Lampião como o de maior segurança. Era noite, chovia muito e todos dormiam em suas barracas. A volante chegou tão de mansinho que nem os cães pressentiram. Por volta das 5:15 do dia 28, os cangaceiros levantaram para rezar o oficio e se preparavam para tomar café; quando um cangaceiro deu o alarme, já era tarde demais.
Não se sabe ao certo quem os traiu. Entretanto, naquele lugar mais seguro, segundo a opinião de Virgulino, o bando foi pego totalmente desprevenido. Quando os policiais do Tenente João Bezerra e do Sargento Aniceto Rodrigues da Silva abriram fogo com metralhadoras portáteis, os cangaceiros não puderam empreender qualquer tentativa viável de defesa.
O ataque durou uns vinte minutos e poucos conseguiram escapar ao cerco e à morte. Dos trinta e quatro cangaceiros presentes, onze morreram ali mesmo. Lampião foi um dos primeiros a morrer. Logo em seguida,
Maria Bonita foi gravemente ferida. Alguns cangaceiros, transtornados pela morte inesperada do seu líder, conseguiram escapar. Bastante eufóricos com a vitória, os policiais apreenderam os bens e mutilaram os mortos. Apreenderam todo o dinheiro, o ouro e as joias.
A força volante, de maneira bastante desumana para os dias de hoje, mas seguindo o costume da época, decepou a cabeça de Lampião.
Maria Bonita ainda estava viva, apesar de bastante ferida, quando foi degolada. O mesmo ocorreu com Quinta-Feira, Mergulhão (os dois também tiveram suas cabeças arrancadas em vida), Luis Pedro, Elétrico, Enedina, Moeda, Alecrim, Colchete (2) e Macela.
Feito isso, salgaram as cabeças e as colocaram em latas de querosene, contendo aguardente e cal. Os corpos mutilados e ensanguentados foram deixados a céu aberto, atraindo urubus. Para evitar a disseminação de doenças, dias depois foi colocada
creolina sobre os corpos. Como alguns urubus morreram intoxicados por creolina, este fato ajudou a difundir a crença de que eles haviam sido envenenados antes do ataque, com alimentos entregues pelo coiteiro traidor.
Percorrendo os estados nordestinos, o coronel João Bezerra exibia as cabeças - já em adiantado estado de decomposição - por onde passava, atraindo uma multidão de pessoas. Primeiro, os troféus estiveram em Piranhas, onde foram arrumadas cuidadosamente na escadaria da igreja, junto com armas e apetrechos dos cangaceiros, e fotografadas. Depois, foram levadas a
Maceió e ao
sul do Brasil.
No
IML de
Maceió, as cabeças foram medidas, pesadas, examinadas, pois os criminalistas achavam que um homem bom não viraria um cangaceiro: este deveria ter características
sui generis. Ao contrário do que pensavam alguns, as cabeças não apresentaram qualquer sinal de degenerescência física, anomalias ou displasias, tendo sido classificados, pura e simplesmente, como normais.
Do sul do País, apesar do péssimo estado de conservação, as cabeças seguiram para
Salvador, onde permaneceram por seis anos na Faculdade de Odontologia da
UFBA. Lá, tornaram a ser medidas, pesadas e estudadas, na tentativa de se descobrir alguma
patologia. Posteriormente, os restos mortais ficaram expostos no
Museu Antropológico Estácio de Lima localizado no prédio do
Instituto Médico Legal Nina Rodrigues, em
Salvador, por mais de três décadas.
Museu da Resistência - Mossoró RN
Durante muito tempo, as famílias de Lampião, Corisco e Maria Bonita lutaram para dar um enterro digno a seus parentes. O economista Silvio Bulhões, filho de
Corisco e
Dadá, em especial, empreendeu muitos esforços para dar um sepultamento aos restos mortais dos cangaceiros e parar, de vez por todas, a macabra exibição pública. Segundo o depoimento do economista, dez dias após o enterro de seu pai, a sepultura foi violada, o corpo foi exumado, e sua cabeça e braço esquerdo foram cortados e colocados em exposição no Museu Nina Rodrigues.
O enterro dos restos mortais dos cangaceiros só ocorreu depois do Projeto de Lei nº 2.867, de
24 de maio de
1965. Tal projeto teve origem nos meios universitários de
Brasília (em particular, nas conferências do poeta Euclides Formiga), e as pressões do povo brasileiro e do Clero o reforçaram. As cabeças de Lampião e Maria Bonita foram sepultadas no dia 6 de fevereiro de 1969. Os demais integrantes do bando tiveram seu enterro uma semana depois.
Lampião compositor
Cercada pela lenda de que teria sido feita por Lampião, "Mulher Rendeira" é um antigo tema popular, muito cantado nos sertões nordestinos ao tempo do rei do cangaço. Por isso foi incluído no premiado filme "
O Cangaceiro", de Lima Barreto, que o celebrizou no país e no exterior. Na ocasião, sofreu uma adaptação do compositor
Zé do Norte (Alfredo Ricardo do Nascimento), autor de outras músicas do filme, que manteve a sua estrutura original.
Comprova o sucesso de "Mulher Rendeira" o grande número de gravações que recebeu na época, inclusive fora do Brasil. Tem até uma gravação de um antigo cabra do bando de Lampião, o cangaceiro Volta Seca.
Representações na cultura